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domingo, maio 1

Crise em países ricos e aquecimento interno fazem número de executivos estrangeiros crescer no Brasil

Aos olhos dos estrangeiros, o Brasil já é mais do que a terra de samba e pandeiro. Pode ser a terra do emprego para executivos. De um lado, a economia se contrai nos países centrais. Do outro, o Brasil, a despeito de uma inflação alta que ameaça o crescimento sustentável, atrai investimentos, mantém um mercado de trabalho de dar inveja ao clube dos desenvolvidos e vê crescer a renda e o consumo das famílias. Um cenário que faz com que profissionais qualificados de outros países considerem o Brasil uma opção interessante para a carreira. E deixam empregos nos EUA, na Europa, na distante Austrália para encarar o desafio de trabalhar - e morar - em terras brasileiras.

  Michael Connell, australiano: o Brasil está crescendo e não quero perder essa oportunidade

Tanto que, nas projeções de consultorias especializadas, com base em dados do Ministério do Trabalho, o país recebeu, em média, 30% mais trabalhadores qualificados - ou mais de 15 mil autorizações concedidas a estrangeiros para trabalhar aqui - só nos primeiros três meses de 2011 ante igual período do ano anterior (11.500). As consultorias calculam que, no caso de gerentes, o crescimento foi ainda maior, de 40%, enquanto a vinda de diretores e presidentes de empresas ficou em 30% maior.


- Com a crise na Europa e a retomada lenta da economia dos EUA, a procura de profissionais de outros países pelo Brasil é cada vez maior. Hoje, 20% dos currículos que recebemos são de estrangeiros. Esse índice dobrou em relação a 2009. Sempre se diz que o ano começa após o carnaval, mas este ano isso não foi verdade - disse Leonardo Ribeiro, diretor da Fesa, especializada em recrutar altos executivos.

O americano Lucas Kurt comprova a percepção do especialista. O advogado chegou em abril para assumir a nova área de Consultoria em Direito Norte-Americano e Compliance no Manhães Moreira Advogados Associados, em São Paulo. Formado em Direito pela St. John's University School of Law e pós-graduado pela University of South Carolina School of Law, já trabalhou como auditor interno de companhias americanas.

- Decidi vir para o Brasil pelo desafio que essa mudança representaria, pelas oportunidades que aqui eu teria, pelo momento de crescimento que o país está vivendo e pelo interesse que tenho na cultura daqui. Nos últimos dois anos, está bem mais difícil conseguir um emprego bom nos EUA em função da crise.

Balanço da Coordenação Geral de Imigração (CGig), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mostra que 56.006 profissionais estrangeiros foram autorizados a trabalhar no Brasil em 2010. Em 2009, foram 42.914.

O setor de óleo e gás - exploração de petróleo e gás na plataforma continental brasileira - é o que mais desperta interesse dos estrangeiros. Isso porque as indústrias encomendaram equipamentos sofisticados, como navios do tipo sonda e plataformas de perfuração, exigindo gente capaz de lidar e treinar pessoal para usar esses investimentos.
- É um movimento que vem com o desenvolvimento - disse Paulo Sérgio de Almeida, coordenador de Imigração do MTE. - Os dados não indicam que a presença de estrangeiros se dá por falta de mão de obra qualificada.

O australiano Michael Connell engrossa as estatísticas do governo. Após mais de dez anos trabalhando como contador nos quatro continentes, foi ser gerente de Relações com Investidores da Wilson, Sons, no Rio. A empresa atua nos setores portuário, marítimo e de logística terrestre. Casado com uma brasileira, resolveu apostar as fichas num país cuja economia deve encerrar 2011 com crescimento em torno de 4%.
- O mundo é global. O Brasil está crescendo e não quero perder essa oportunidade - disse o executivo num bom português.



Fonte: O Globo

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